sábado, 4 de julho de 2009

Michael Jackson além da música


Deus estava precisando de um anjo no céu. Veio buscar aquele eterno menino: Michael Jackson, aclamado pelo público, muitas vezes injustiçado pela imprensa, e outras vezes merecidamente reconhecido como Rei do Pop. Por trás do pop star famoso no mundo inteiro, havia um ser-humano puro, com um coração enorme, praticando muita bondade, e despertando o encanto e a admiração das pessoas que o cercavam.

O olhar, chamado de espelho da alma, nele se mantinha sempre brilhante, reluzindo a criança que havia em seu interior. Seu sorriso resplandecia a doçura infantil. Assistindo a entrevistas, documentários, programas de TV de que participou ― quando estava cara-a-cara com o entrevistador ―, qualquer pessoa sensível pode perceber que Michael era muito puro e ingênuo. Então, posso imaginar que muita gente tenha se aproveitado dele, de todas as formas, sugando seu dinheiro, seu suor, suas noites de sono, sua paz e tranquilidade.

Privado de uma vida normal, devido ao desrespeito das pessoas pela vida alheia, pela privacidade e sossego do próximo, sufocado pela infância perdida e sem sequer liberdade para ir e vir quando adulto, Michael construiu seu próprio mundo em Neverland e, mais uma vez, foi incompreendido. As atrocidades das quais o acusaram só existiam na cabeça das “pessoas grandes”, não na mente infantil de Michael Jackson.

Fico imaginando como fica a cabeça de uma pessoa sensível, pura e ingênua ao se deparar com um mundo cruel, traiçoeiro e violento, cheio de pessoas perspicazes que só visam “se dar bem”, e ainda ficar bilionário e ser idolatrado sem um preparo, sem uma base. É demais para uma pessoa só. Aquela criança não poderia aguentar. O mundo matou Michael Jackson. E o matou ainda na infância.

É a morte de um ídolo, de um mito da música, da dança, dos videoclipes, mas é também a morte daquele menino que tentava melhorar a vida de milhões de crianças em todo o mundo, que sonhava com um mundo melhor, que adorava estar na companhia de outras crianças, para simplesmente brincar, sorrir e ser tratado como igual.

Assistindo ao documentário Living whith Michael Jackson, fiquei surpresa ao vê-lo dizer que não queria ser enterrado, mas que gostaria de viver para sempre. Claro, mas era tão óbvio: crianças desejam viver para sempre. E seu desejo será realizado, Michael, você viverá para sempre em nossos corações, em nossas mentes, através das gerações, por toda a história.

Autora: Gizele Toledo de Oliveira (direitos autorais reservados).

Este texto foi publicado em O Globo on line: clique aqui.